eu, eu mesma e maria

e agora quem mais quiser...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

mais uma da série: contradições


sempre fui chorona.
incrível, mas poucas pessoas o sabem - mesmo as mais próximas, talvez, nem suspeitem dessa minha característica.
por quê? porque, invariavelmente, sempre tentei esconder minha sensibilidade. não faz muito tempo que me dei conta de que ser sentimental é uma qualidade e, como tal, deve ser expressada.
mas eu tinha que ser sempre a forte, não?
não! não sei daonde eu tirei essa história... não sei como passei tanto tempo acreditando nessa bobagem...
e mesmo hoje, já tendo me dado conta disso, ainda me pego tentando afogar a lágrima que teima em nascer quando ouço alguma música que me toca. ou então quando lembro de alguma passagem que me marcou. quando penso em alguém querido que já se foi. quando penso e, às vezes, sinto medo do futuro...
ou quando vejo cenas que me deprimem: um cavalo magro e cansado puxando uma carroça com quilos e mais quilos de lixo, sem ter direito ao menos a um pouco de água e um descanso. pessoas revirando os lixos em buca de alimento. um cachorro sarnento, abandonado e com fome. crianças que deveriam estar só brincando e estudando, pedindo dinheiro no sinal, ou trabalhando pesado - como gente grande. pessoas idosas trabalhando sem parar - deveriam estar agora só descansando...
todas essas coisas me entristecem profundamente, e sempre que vejo tais cenas eu choro por dentro. choro por não entender por que o mundo tem de ser assim, mas, principalmente, porque agora não consigo fazer muito pelo mundo...
mas ainda no meio de todo esse cenário de injustiças e descrenças, houve uma cena que me comoveu pela sua simplicidade, mas, acima de tudo, pela sinceridade...
ontem, quando passeava com o meu cachorro (que, infelizmente, vive melhor do que muitas pessoas neste país), parei uns minutos para contemplar um menino que revirava o lixo seco da vizinhança e, já cansado, encostou-se em um poste para descansar. estava acompanhado de um lindo cachorro preto, que, ao que me pareceu, devia ter cruza com pastor alemão. eles trocavam carinhos, se abraçavam, sorriam, e se olhavam - e naquele olhar havia muito amor... amor e fidelidade... que muitas pessoas que têm bem mais do que aquele menino não conhecem, nem mesmo de ouvir falar...
era tão verdadeiro o jeito que o menino acariciava e beijava o seu companheiro e por ele era retribuído, que era como se não houvesse nada ao redor, e como se toda a sua miséria e todo o seu sofrimento não existissem, pois, naquele momento, só havia os dois - ele e o seu grande amigo.
e foi nesse instante, vendo aquela cena como num filme, que imaginei situações tristes pelas quais aquele menino poderia ter passado... pensei se teria família, se estaria estudando, se tinha uma casa, se passava fome... por outro lado, pensei também em como alguns momentos de alegria podem nos remeter a uma outra realidade quando nos permitimos estar lá - e isso é só para os que têm coração bom.
e pensando em tudo isso, naquele momento eu chorei. não por dentro. ali, bem no meio da calçada, pra quem quisesse ver. não liguei. me desliguei. me permiti. e de um modo que não sei explicar me conectei àqueles dois corações que, de tão unidos, conseguiram, mesmo que por alguns instantes, sair do seu próprio mundo e se presentear com uns poucos minutos de alegria, tocando profundamente também o meu coração.
e, mais uma vez, levantei as mãos para o céu e agradeci por tudo o que eu tenho... e o mais importante que Deus de me deu foi, sem dúvida, a sensibilidade para perceber como sou privilegiada por poder ver todas as coisas que me acontecem como dádivas, pois mesmo as experiências negativas são essenciais - elas são as que mais têm a nos ensinar.
maria: permita-te mais. liberta-te. não tenha medo de se abrir... as coisas vêm na exata proporção daquilo que deixamos fluir...

3 comentários:

Caroline Carvalho disse...

desculpe-me maria por envadir teu blog assim de novo...
mas me comoveste com este texto alias com está realidade, também vivo isso na minha cidade e são coisas que mechem demis com meu coração eu por exemplo ñ consigo nem falar vivo e respiro animais e vejo o quanto eles são companheiros fies e verdadeiros de todos nos...
e ai tenho uma certeza posso ñ ter milhares de amigos mais tenho os amigos mais verdadeiros... Deus me fez assim e mesmo sendo da doutrina espirita que explica isso que vc viu eu ñ consigo entender a unica coisa que acredito a cada dia mais é que os animaqis são fies escudeiros que Deus nos enviou.
Tem um afrase que diz assim é do Vitor Hugo:" quanto mais conheço os homems mais amo meus animais"
perdãp mais uma vez por invadir assim te desejo uma boa noite

Pedrinho disse...

Maria

Como estás?

Desculpa, mas só esta noite é q coloquei o teu encantador comentário nas minhas "areias". Estive cerca de dois dias sem entrar no meu blog.
Adorei as tuas palavras...fico sempre com um sorriso qdo me escreves alguma coisa. Continua sempre assim, ok?

Amanhã gostaria de te escrever um post maior (pq neste momento são 1h50 da madrugada, acabo de chegar a casa...e tenho q me deitar!!).

Desculpa ser tão pequeno este meu comentário..mas amanhã escrevo um maior...com mais tempo.

Passei tb para te enviar, deste lado o mundo,...um grande bjo.

Pedrinho

Anônimo disse...

És uma pessoa iluminada e assim como escreves que pedes a Deus que zele pelas pessoas que te são caras, quero eu agradecer a Ele por ter colocado uma amiga como você na minha vida. Obrigada senhor pela pessoa maravilhosa que Maria é. Pela amiga fiel, esposa dedicada, filha amada e criatura infinitamente sensível! de perceber que às vezes estou precisando de uma palavra, um conforto e o telefone tocar e em sua voz eu encontrar um pouco de paz e amor. Papai do céu, continue abençoando a Maria! E peço que estejas com ela por toda a vida, para que ela conquiste tudo que deseja! um beijo carinhoso.