eu, eu mesma e maria

e agora quem mais quiser...

sábado, 10 de janeiro de 2009

cadê o foco que estava aqui?

não sei se por conta do início do ano, não sei se por causa de uma pressão interna (hoje maior), ou em razão das inúmeras expectativas que rondam os meus pensamentos... só sei dizer que até agora, décimo segundo dia do ano, voltei das férias (que eu mesma me concedi), e não consegui baixar a cabeça para estudar como gostaria e como me programei.
tá certo que assumi umas coisas que não deveria ter assumido, mas agora não tenho como voltar atrás...
aliás: para quem não é do mundo do direito, é bom saber:

- a partir do primeiro semestre, vc já é doutor para seus amigos e familiares e começa a dar "consultas", e o que é pior, de graça;

- assim que vc se forma, a família toda quer lhe passar os processos (milhares) que tem, o que, via de regra, é um perigo. uma pq eles te pagam pouco, quando pagam, pois acham que estão fazendo um grande favor, afinal, vc ganhará experiência... duas, porque, se vc ganha, não fez mais do que a sua obrigação. em compensação, se vc perde, dizem: só podia ser da família, santo de casa não faz milagres!
e vc tem duas opções: aceitar ou aceitar.

não adianta dizer que não quer advogar, que não sabe como fazer a ação, que vai direcionar a vida profissional para concursos, que se arrependeu de fazer esta faculdade, que odeia o direito, seja lá a desculpa que for... não cola...

para ser sincera, uma das coisas que me fez desistir de advogar foi justamente essa: a desvalorização da classe. desvalorização em termos de dinheiro, mas, principalmente, em termos de respeito.

na minha ótica, a questão do dinheiro está intimamente ligada ao fato de que as pessoas precisam do advogado para resolver seus problemas, mas no fundo, no fundo, sempre acham que poderiam fazer melhor. parece aquela história: de médico e advogado todo mundo tem um pouco...
hoje em dia é assim, no mundo moderno em que vivemos, de muita troca de informação em velocidade quase que imediata, as pessoas sabem de tudo um pouco e não têm vergonha de dar os seus palpites, por mais furados que sejam. então, quando consultam um advogado, no mais das vezes, elas já vêm com a resposta pronta - só querem uma confirmação. diante disso, pensam que o advogado seria tão-somente um instrumento imposto pela lei para atingirem o seu direito e, via de consequência, a retribuição pecuniária passa para um segundo plano de importância.

nesse sentido, entendo que o profissional é que deve se impor na hora de cobrar seu preço, coisa que, mesmo com horas de terapia, nunca consegui fazer... e como é próprio do ser humano, quanto maior é o preço que for pedido, maior será o grau de valorização do profissional.
o primeiro chefe que tive, o dr. thales, me disse uma vez: maria, nunca preste serviço de graça. cobre, ao menos, o que a pessoa possa pagar, pois todas as vezes em que não cobrei, e o cliente não obteve o que queria, colocou a culpa em mim, como dizendo: não deu porque foi de graça, se eu tivesse dinheiro, teria sido diferente... mesmo ele tendo trabalhado sem cobrar por ser uma pessoa muito boa de coração...
custei um pouco para acreditar nisso, até que o meu terapeuta me colocou a questão nestes termos: maria, se vc for contratar uma faxineira, ela vai te cobrar, certo? claro, disse eu. e se ela te cobrar um preço alto, o que virá à tua cabeça primeiro? que é uma boa profissional ou, no mínimo, que sabe "vender o seu peixe", respondi. então, disse ele, como pensa em não cobrar pelos teus serviços, ou mesmo cobrar pouco? vc não concorda que passou seis anos em uma faculdade estudando bastante, e que nunca ninguém lhe perguntou se precisava de dinheiro para pagar a mensalidade, comprar livros, etc? vc não concorda que a pessoa que está te contratando aposta no seu êxito propocionalmente ao preço que ela paga, assim como vc à faxineira?
perfeito. agora eu tinha entendido. mas e daí, se nunca consegui colocar isso em prática? tá certo que isso tem muito a ver com minha personalidade, de auto-estima meio baixa... de qualquer modo, sempre preferi saber que ia ganhar tanto por mês e me contentar, a ter que ficar estipulando o meu preço a toda hora.
quanto à questão do respeito, tem muito a ver com os maus profissionais que degradam a imagem da advocacia aqui no brasil. não que eles não existam em todas as outras, mas é que parece que fica muito mais evidente nesse meio. e como em qualquer círculo vicioso, quem não se respeita, não obtém respeito dos demais, tornando a nossa justiça desacreditada e perdida. quem sabe no dia em que eu estiver do outro lado do balcão as coisas não mudem? eu continuo tendo esperanças...
por enquanto, duas ações estão tirando o meu sono e, por causa delas, não consigo me concentrar nos estudos, e sei que vou sofrer as consequências disso.
peço a deus que me ilumine e me dê um pouco de concentração nesta hora, para que o meu estudo volte a fluir como antes, afinal, preciso realizar todos os desejos que fiz no começo deste ano, e olha que foram muitos...
agora vou brincar de pega-pega com meu foco para ver se o alcanço... quem sabe ele não volta a correr um pouco atrás de mim?

Um comentário:

Pedrinho disse...

Oi Maria, tudo bem contigo?

Não desapareci, apenas tenho tido pouco tempo para andar na Net. Foi uma semana mto preenchida (trabalho, programas culturais, aniversários, festas, etc). Apenas deu para actualizar o meu blog...e tb para ler o teu (mas queria ter tido tempo para escrever, calmamente, um comentário sobre este teu post...e não tive).

Maria, e se o foco q procuras...fores mesmo tu! Sim, tu és o foco!! Tu tens a capacidade para iluminar o teu caminho...o poder das decisões sobre a tua vida está nas tuas mãos...na forma de um foco.
E tenho a certeza que o teu foco é mto intenso...e que te vai orientar da melhor maneira.
Não será?

Um grande bjo...e até já

Pedro