eu, eu mesma e maria

e agora quem mais quiser...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

me diz: o que você faria?

tenho pensado muito sobre duas músicas cujas letras, juntas, me inspiram a querer mudar o tom da minha vida e, quem sabe (pretensão), despertar outras pessoas desta "letargia emocional" que nos tem tomado conta, amparada sempre na boa e velha desculpa da falta de tempo...
bom, a primeira delas é de um cantor/compositor que eu amo de paixão - o paulinho da viola (assim chamado pq ele mesmo faz seus próprios instrumentos), cujo show me deixou profundamente emocionada, arrepiada, extasiada, arrebatada - com a alma lavada... sem dúvidas, foi o melhor show que fui em toda a minha vida, pois pude estar diante daquele artista que tanto admiro, o qual se mostrou imensamente feliz e satisfeito por estar ali, que sorria o tempo todo e embalava um coro afinado, que acompanhava todas as músicas num só ritmo, como um só coração... bonito mesmo de se ver!!!
feitas as pequenas (mas necessárias) considerações ao pai da obra, preciso confessar que já tinha ouvido esta música chamada "sinal fechado" há algum tempo, na voz de outro artista que também idolatro, o chico buarque (um gênio musical que muito raramente em sua vida gravou músicas de outros artistas sem ser em parceira, mas percebeu a preciosidade dessa composição, e não hesitou em pedir permissão para gravá-la), mas não tinha me dado conta do quão verdadeira e atual ela se mostra... e foi assim, escutando-a com mais vagar, que realizei algo que, até então tentava refutar: é exatamente assim que fazemos todos os dias - colocamos toda a culpa pelo que não conseguimos fazer, pelas pessoas que deixamos de ver, pelos cursos que deixamos de freqüentar, pela atenção que deixamos de dar, pela falta da palavra amiga, pelo esquecimento de uma data importante, pela falta de delicadeza, pela impossibilidade de uma visita mais demorada, enfim, por todas as vezes que deixamos de "estar", no mais amplo sentido da palavra, não nos permitindo perceber que "estar" mais vezes, e de forma mais profunda é mais do que necessário - é vital... e enriquece o nosso mundo...
só sei que tudo o que eu tentar escrever sobre essa música e sobre esse artista será uma pálida tentativa, perto da grandeza da sua história e da sua obra... aliás, arte é isso... uma pessoa que canta a desilusão como ninguém e é homem de uma mulher só há cerca de trinta anos - não é bárbaro?

SINAL FECHADO (Paulinho da Viola)

Olá, como vai?

Eu vou indo e você, tudo bem?
Tudo bem eu vou indo correndo pegar meu lugar no futuro, e você?
Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono tranquilo, quem sabe...
Quanto tempo...
Pois é... Quanto tempo...
Me perdoe a pressa, é a alma dos nossos negócios
Oh! Não tem de quê, eu também só ando a cem
Quando é que você telefona?
Precisamos nos ver por aí
Pra semana, prometo talvez nos vejamos
Quem sabe?
Quanto tempo...
Pois é... (pois é... quanto tempo...)
Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas
Eu também tenho algo a dizer mas me foge a lembrança
Por favor, telefone, eu preciso beber alguma coisa, rapidamente
Pra semana
O sinal ...
Eu espero você
Vai abrir...
Por favor, não esqueça,
Adeus...
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até quando tantas desculpas??

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a outra música à qual me refiro, é de um outro paulinho (o môska), um cara bem jovem que compõe de forma super original, além de cantar de forma suave, e fazer versões de músicas de outros cantores que igualmente amo (como o jorge drexler)... ele fala sobre coisas banais com um toque refinado e uma pitadinha de acidez - sempre encontrando as palavras certas para nos fazer pensar... além disso, é um excelente entrevistador (programa zoombido no canal brasil, às quintas-feiras), pois, assim como nas músicas, deixa a obviedade de lado, e sempre faz perguntas interessantes e inovadoras... faz com que os entrevistados se sintam especiais, não só pelo conjunto das perguntas, mas, principalmente, pelo modo como se dirige a eles, olhando-os com aquela carinha de criança que aprecia um brinquedo pela primeira vez e tenta entender como aquilo funciona, sabe... dá gosto de ver...

ouvi-a pela primeira vez na versão do ney matogrosso (preciso dizer que amo?) e, a par da sua interpretação que sempre me fascinou, pela sua força e pelo quê de dramaturgia, a letra realmente me chamou muito a atenção... aliás, seria mais correto dizer que aquilo me caiu como se fosse uma tonelada na cabeça - tóin! e depois dela eu nunca mais fui a mesma...
sei que parece meio forte dizer isso por causa de uma canção, mas é exatamente isso: existem pessoas que possuem o dom de expressar sentimentos de uma maneira única, que causam esse tipo de sensação na gente de: tá, agora pára e pensa sobre isso... entende? não sei se consigo expressar direito como a senti e porque neste momento, mas é como diz o milton nascimento - "... certas canções que ouço cabem tão dentro de mim que perguntar carece: como não fui eu que fiz?"...
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O QUE VOCÊ FARIA? (Paulinho Môska)
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Meu amor o que você faria?
Se só te restasse um dia
Se O mundo fosse acabar
Me diz o que você faria?
Ia manter sua agenda
de almoço hora apatia
Ou ia esperar os seus amigos
Na sua sala vazia
Meu amor o que você faria?
Se só te restasse um dia
Se O mundo fosse acabar
Me diz o que você faria?
Corria pra um shopping center
Ou para uma academia
Pra se esquecer que não da tempo
Pro tempo que já se perdia
Meu amor o que você faria?
Se só te restasse esse dia
Se O mundo fosse acabar
Me diz o que você faria?
Andava pelado na chuva
Corria no meio da rua
Entrava de roupa no mar
Trepava sem camisinha
Meu amor o que você faria?
o que você faria?
Abria a porta do Hospício
Trancava da delegacia
Dinamitava o meu carro
Parava o tráfego e ria
Meu amor o que você faria?
Se só te restasse esse dia
Se O mundo fosse acabar
Me diz o que você faria?
Meu amor o que você faria?
Se só te restasse esse dia
Se O mundo fosse acabar
Me diz o que você faria?
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qualquer hora dessas respondo o que eu faria...

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